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Uma porta para o nosso mundo

  • Marta Fonseca
  • 5 de abr. de 2017
  • 2 min de leitura

Uma sala de Psicomotricidade pode ser o lugar mais seguro do mundo, mas também pode ser o mais aterrorizador, ou o mais caótico, é esta ambiguidade do espaço que lhe dá um poder enorme de transformação. O poder de sermos aquilo que desejamos ser. São sobretudo as pessoas, a emergência do ser e do ter que ser que o leva a ser este tipo de lugar. São as pessoas que do mais pequeno ao mais desenvolvido ser a modificam, e a transformam em relação com o Psicomotricista, é lá que a “magia” acontece.


Conhecida como o espaço privilegiado da brincadeira, pode ser demasiado grande para as angústias que lá emergem, mas nós Psicomotricistas seremos sempre os mediadores desse espaço, um espaço com temporalidade pessoal e versátil de pessoa para pessoa, terapeuta para terapeuta. Um espaço e um tempo dignos de uma confiança inquebrável e uma segurança elevada como se de um cofre se tratasse, uma caixa de pandora habitável, onde os males e os medos se dissipam com a esperança de que o melhor está por vir, mas também que o melhor somos nós juntos, em relação, todos os dias, reforçando autoestimas com profissionalismo num espaço de brincadeiras sérias, terapêuticas e de infinitas possibilidades.


Como todas as salas de estar e sobretudo de ser, esta é constituída por alguns materiais, um chão de madeira se possível onde as quedas do corpo são aparadas, onde se rebola, salta e onde se sente o mundo na ponta dos pés, quatro paredes de contenção suportando um teto de limites, um ou dois espaldares para podermos ser donos do mundo à vontade, bolas de vários tamanhos para podermos ser as relações que precisamos, algumas cordas que se transformem em laços diferentes de nós, um espelho que seja a imagem do que somos e queremos ser, uns blocos para sermos percursos ou casas habitadas, uns bastões para lutarmos contras os próprios demónios, uns tecidos para sermos o que sempre quisemos ser, cento e um legos para nos construirmos e desconstruirmos com intenção, um quadro por escrever e para organizar, um lugar para descansar e uma porta onde entrar.


Se não tivermos tudo isto basta estarmos lá nós, sermos lá nós, junto das pessoas que do mais pequeno ao mais desenvolvido ser entrem neste espaço por um tempo, tempo este que é reflexo de uma constância acordada em cada aliança terapêutica.

Ao abrir e atravessar aquela porta há um mundo só nosso e é isso que torna este espaço tão importante e peculiar às modificações que nele acontecem, cada pessoa transforma-o de acordo com o ser que é, por isso é tão importante ser, estar e permanecer.


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